Outro dia eu me vi perdido
Chorando por algo que outro alguém me causou
E na direção veio um mano e disse:
"A gente nasce sozinho e morre sozinho"
A gente nasce sozinho e morre sozinho?
Eu não quis acreditar
Eu não quero acreditar
Eu não vou acreditar
Até aqui, tudo foi por nós
É nós, é nós

Uma porção de dedo pra nós, oh, medo pra nós
Oh, arma pra nós, oh, até se ta com nós, tá apontada pra nós
Oh, cá entre nós, oh, como é que desata esses nós?
Mais um virou presunto pelo Quebra-Noz, oh, gata eu pensei demais em nós
Oh, praia pra nós, oh, a casa pra nós
Oh, mas nós vai virar assunto lá pros nosso
Oh, neguin mudou de vida e esqueceu de nós
Vamo morrer junto na merda e gritando: "É nós"
Oh, outro dia acordei herói, dormi inimigo
Mais que a boceta das Kardashian, eu sou perseguido

Falam de reinserção mas agem igual polícia
Nem me olham no olho, não vão olhar pro próprio umbigo
Eu só queria um colo, hein, poder provar do pólen
Não confiar em político, não mais ser refém
Desse sequestro que vem de 1500 pra frente
Quem hoje fala axé nos obrigou a falar amém
E o demônio entende a língua dos anjos, meu bem
Pai da mentira, quem te cobra a verdade, oh, eu hein?
Nós num é neném, e também tá aí pras treta, tá no inferno
E enfia porrada no capeta

Esquerda pra nós, oh, direita pra nós, oh, direito pra nós, não
Bem defeito pra nós, né, pelos preto, eu tô e fé
Pelos preto eu tô até o dia que a bala atravessar no peito
Desde que nós está no pré, sobre a gente eles têm conceito
Dois ano de sucesso pra pensar em trocar de carro
Nem eu mesmo via o que eu faço como trabalho
Crescemo culpado, o certo é carregar o peso
Pular na frente da bala pro playboy sair ileso, uh
Desde menorzin, ter que andar com álibi, ya
Pra provar pros cara que eu não sou Ali Babá
Quase que eu me conformo e vivo no let it be, tipo assim
E daí, deixa ser, deixa estar, mas não

Me afastei do pó, man, me afastei do corre hein
Não quero ir pra um corró, cheio com muita gente
Amo a vida mas por que tão injusta?
A solução pra autodefesa é vestir a carapuça
Não é que não querem ver a gente com dinheiro
Pra esses merda, essa porra é uma questão de vida
Ver meu povo com dinheiro é mole, pô
O que não querem é ver a gente de cabeça erguida
Quem anda olhando pro chão, tem visão limitada
E nunca vai ter uma empresa Ltda

Eu já não vejo meu sapato há muito tempo
Meu pai ensinou só a olhar pra onde eu quero estar
Os cara abusando das droga quer o fim da vida
E eu por aqui fazendo rap pra ser imortal
Eu desisti de começar em acabar com tudo
O resultado Djonga, sensação sensacional

E hoje eu te faço tremer, treze grau na escala Richter
Igual quando cê vê gente, tipo Suzane Richthofen
Tempo passa, tiquetaque, meu som bomba, click clack
Bundas balançando no meu papo reto, como pode?
Quanto mais sucesso, menos divertido
Eu não era assim, eu sou fruto do meio
Meu coração parece um balde furado
Acho que o vazio me pegou em cheio